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Dia de repouso
"Deus repousou, no sétimo dia, de todo o trabalho por Ele realizado" (Gn 2, 2). O "repouso" divino exprime a pausa de Deus perante a obra "muito boa" (Gn 1, 31) saída das suas mãos, para lançar sobre ela um olhar contemplativo, de alegre regozijo.
O repouso é coisa "sagrada" porque, interrompidos os compromissos terrenos, se pode retomar consciência de que tudo é obra de Deus.
Dia de oração
"Deus abençoou o sétimo dia e santificou-o" (Gn 2, 3) fazendo dele o tempo priviligiado do diálogo esponsal com a criatura.
A relação com Deus, que se torna intensa e pessoal nos momentos de oração, atinge o seu auge no dia do Senhor com a celebração comunitária da Eucaristia.
Dia da recordação
"Recorda-te do dia de Sábado para o santificar"(Ex 20, 8), cheio de louvor e gratidão a Deus pelas maravilhas da sua criação e pela memória da ressurreição de Cristo. O Domingo não substitui o "shabbat" hebraico, mas é a sua relação completa e a sua plena expressão.
Dia do homem
A alternância entre trabalho e repouso, inscrita na natureza humana, é querida pelo próprio Deus. Por isso, o repouso dominical e festivo adquire uma dimensão "profética", afirmando não só o primado absoluto de Deus, mas também o primado e a dignidade da pessoa humana em relação às exigências da vida económica e social.
Dia de solidariedade e partilha
A participação interior na alegria de Cristo Ressuscitado implica a partilha plena do amor que pulsa no Seu coração: não há alegria sem amor! O dia do Senhor deve ser, pois, a ocasião para se dedicar às obras de misericórdia e à ajuda aos pobres, segundo a tradição apostólica, que fazia apelo a uma cultura da partilha, actuada no ágape dominical, quer entre os próprios membros da comunidade, quer em relação a toda a sociedade.
Dia profético
Quebrando o ritmo do tempo presente, para nele introduzir a dimensão da eternidade, o dia do Senhor anuncia profeticamente o Domingo sem ocaso e faz-nos saboreá-lo antecipadamente.
Para um estilo de vida dominical
Para gozar em conjunto a possibilidade de repousar e festejar, além da participação comunitária na Eucaristia, a Igreja recomenda:
> as obras de misericórdia, de caridade e de apostolado, para testemunhar com o amor a alegria do Ressuscitado;
> atenção à família, para se reencontrarem, pais e filhos, a viver juntos momentos de diálogo e de são divertimento;
> a reflexão, o silêncio, o estudo e a meditação;
> o uso dos meios de cultura e de distracção mais conformes ao Evangelho, para a necessária distenção da mente e do corpo.
Quem, devido a necessidades familiares ou a actividades de grande utlidade social, não pode observar o repouso festivo, sinta-se responsável por observar um tempo suficiente de liberdade, mesmo nos domingos de mais trabalho, e de não causar prejuízo à sua vida religiosa, à saúde e à vida de família.
*Das instruções do Catecismo da Igreja Católica e da Carta Apostólica "O Dia do Senhor", sobre a santificação do Domingo.